Igreja e Tesouro de Nossa Sr.ª das Salas
*** EQUIPAMENTO TEMPORARIAMENTE ENCERRADO, PARA REALIZAÇÃO DE OBRAS ***
História
Em ação de graças por um suposto milagre na viagem de barco que a trouxe a Portugal (onde vinha ser dama de honor da futura rainha D. Isabel), a princesa grega Betaça (ou Vetaça) Lescaris manda construir, no final do século XIII / início do século XIV, a Igreja de Nossa Senhora das Salas primitiva. A igreja primitiva é uma construção modesta, de uma só nave, mas torna-se rapidamente num destino de intensa peregrinação. Talvez em ação de graças pelo sucesso da viagem à Índia, Vasco da Gama decide reedificar o edifício de raiz, dando-lhe uma escala mais grandiosa.
A Ordem de Santiago, em conflito com Vasco da Gama, não vê com bons olhos a reedificação. Dom Jorge de Lencastre determina que não seja concluída a mudança, mandando que os confrades ampliem o templo primitivo. Apesar da autoridade do mestre, a ordem não é acatada. Concluída a ermida, com evidentes traços manuelinos, são colocadas junto do portal duas lápides que reforçam a posição do Gama: "Esta Casa de Nossa Senhora das Salas mandou fazer o muito magnífico senhor Dom Vasco da Gama, Conde da Vidigueira, Almirante e Vice-rei das Índias".
Na transição do século XVII para o século XVIII, a ermida sofre obras importantes (uma "atualização programática e estética dentro dos figurinos pós-tridentinos", nas palavras de José António Falcão e Ricardo Estevam Pereira, cujo texto "A Ermida de Nossa Senhora das Salas", incluído no catálogo "Da Ocidental Praia Lusitana" é de referência para uma história do monumento). A intervenção mais significativa foi a instalação na capela-mor de um retábulo de talha dourada.
O terramoto de 1755 leva a obras que alteram sensivelmente a configuração da ermida. No início da década de 1770 são encomendados azulejos para o revestimento do interior da igreja, formando um ciclo alusivo à vida de Maria. Nesta campanha de obras, são acrescentados ao retábulo elementos da linguagem rococó.
Até ao século XX, a ermida possuiu casas próprias para os romeiros e para a habitação do ermitão. A Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais demoliu-os em 1961-62. A igreja era revestida por ex-votos oferecidos especialmente pelos náufragos que se acolheram à proteção de Nossa Senhora das Salas.
Monumento Nacional desde 1922 (decreto-lei n.º 8518 de 30 de setembro de 1922 J. M. S.) a Igreja de Nossa Senhora das Salas sofreu um processo de restauro desde os anos 1990 e encontra-se neste momento aberta ao público com o seu tesouro disponível para visita.
Olhar atentamente
- Altar-mor em talha dourada com imagem da Nossa Senhora das Salas
- Retábulo do Senhor do Vencimento
- Painel de azulejos alusivo à vida de Maria
- Portal de calcário (estilo manuelino)
- Duas lápides com as armas dos Gamas
- Moldura da frontaria (Nossa Senhora da Assunção), baseada em célebre pintura de Rubens
Tesouro
No âmbito de uma parceria entre o IGESPAR, a Câmara Municipal de Sines e o Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja, este organismo procedeu à montagem do Tesouro de Nossa Senhora das Salas, na Igreja de Nossa Senhora das Salas.
O Tesouro é a sexta unidade da Rede Museológica da Diocese de Beja e foi inaugurado no dia 9 de agosto de 2006. Dá a conhecer ao público, pela primeira vez, as dezenas e dezenas de joias e alfaias que foram oferecidas ao longo dos séculos à imagem da Virgem, incluindo também outras peças provenientes de outros monumentos religiosos do concelho de Sines, alguns dos quais já desaparecidos, como o convento de Santo António e a ermida de Santa Catarina.
A devoção das gentes de Sines a Nossa Senhora das Salas, característica da religiosidade popular meridional, conduziu ao acumular de ofertas votivas, que dão corpo a um dos tesouros mais interessantes do Alentejo.
Se se perderam os ex-votos que revestiam outrora as paredes do templo, com destaque para os painéis pintados, maioritariamente alusivos a naufrágios, chegaram até nós inúmeras joias com que ainda hoje se adorna a imagem nos dias festivos. Entre estas peças ressalta um grande número de pares de brincos, anéis e trémulos, permitindo documentar a evolução da joalharia portuguesa ao longo dos séculos XVIII e XIX. Os vestidos sumptuosamente bordados constituíram outra das ofertas mais prestigiadas, remontando este costume a D. Isabel Sodré, mãe de Vasco da Gama. Não menos significativas foram as ofertas de alfaias de prata para o culto.
A partir do segundo quartel do século XIX desenvolveu-se em torno da ermida um culto paralelo, o do próprio Vasco da Gama, apresentado como herói de virtudes cívicas, bem ao gosto romântico das novas elites liberais. Data deste período o retrato a óleo do navegante, da autoria de Auguste Roquemont, encomendado ao pintor, nos finais da década de 1830, por Jacinto Falcão Murzello de Mendonça.
Contactos e visitas
Igreja de Nossa Senhora das Salas
Tel. 269 860 095 (informações)
A igreja de Nossa Senhora das Salas localiza-se no extremo ocidental da cidade de Sines, 200 metros a este do forte do Revelim, debruçada sobre o Porto de Pesca.
Temporariamente encerrada para realização de obras.