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CAS: 15 anos no centro da vida da cidade

26 de Novembro de 2020

O Centro de Artes de Sines (CAS) faz 15 anos no dia 26 de novembro de 2020. Quinze anos que mudaram a vivência da cultura e criaram uma nova centralidade em Sines. 

A mudança de paradigma trazida pelo CAS começou na arquitetura, com um edifício que funciona como portal entre a cidade antiga e a cidade moderna. Um edifício marcante, inspirado nas muralhas do Castelo, com fachadas sólidas e um interior recheado de luz.

Na organização dos espaços, o princípio foi o da economia funcional. Num jogo de planos e volumes, Auditório, Centro de Exposições, Biblioteca e Arquivo interligam-se, servem-se uns aos outros, estimulam as trocas.

A programação do Centro de Artes teve dois momentos fundadores: no auditório, o concerto de Bernardo Sassetti Trio2, no dia da inauguração; no centro de exposições, a “Os Olhos Azuis do Mar”, com a pintura de Graça Morais sobre os pescadores de Sines.

Foi o início de um caminho em que o Centro se tornou, ao mesmo tempo, um vaso de comunicação com o mundo e um espelho da comunidade.

O auditório, núcleo das artes performativas, foi a casa de todas as músicas. Ao longo de 15 anos, o palco do Centro de Artes foi fértil para o jazz, para as músicas de raízes, para a música clássica, para o rock. Serviu o Festival Músicas do Mundo nos seus momentos de maior intimidade e deu asas aos músicos de Sines, de André Baptista a Rui Vinagre, passando pela Filarmónica da SMURSS, pelo Coral Atlântico e pelos alunos da Escola das Artes de Sines e de outras escolas de música.

Em 15 anos, o auditório foi cenário das artes dramáticas. D'A Barraca à Comuna, d'O Bando aos Artistas Unidos, as grandes companhias portuguesas atuaram neste palco. E, em parceria com a Mostra Internacional de Teatro de Santo André, o teatro do mundo chegou para alargar horizontes. Com o Teatro do Mar, que aqui estreou muitos dos seus espetáculos de auditório, provou-se que a criação local pode ser universal.

A linguagem do corpo escreveu-se em dezenas de espetáculos de dança, da clássica à contemporânea. No palco do Centro de Artes, vimos Olga Roriz, Rui Horta, Real Pelágio, Companhia Nacional de Bailado, mas também as criações do seu próprio programa de Ateliês de Movimento e Dança.

Ao longo de 15 anos, apagaram-se as luzes e acenderam-se os projetores para o cinema que interpela. No auditório do Centro, estendeu-se um ecrã para programação própria e para colaborações com os melhores festivais: Fantasporto, Cinanima, Indie Lisboa, Curtas Vila do Conde. E um ecrã também para cinema sonhado por cineastas de Sines, como Vicente Alves do Ó, que aqui veio apresentar “Florbela”.

No Centro de Exposições, as artes interrogaram o tempo em que vivemos. Em 15 anos de exposições, os artistas mais representativos da arte contemporânea em Portugal tiveram obras suas nestas salas e nestas paredes. Trabalhou-se em rede, estabelecendo parcerias com a Fundação Gulbenkian, o Museu de Serralves, a Coleção Caixa Geral de Depósitos, o Museo Extremeño y Iberoamericano de Arte Contemporáneo. Em articulação com o Centro Cultural Emmerico Nunes, fez-se do verão a estação da arte contemporânea em Sines. E em exposições produzidas internamente, abriu-se espaço aos criadores e às coletividades de Sines.

No Centro de Artes, a Biblioteca Municipal tomou fôlego e iniciou uma segunda vida. Nas novas instalações, os leitores encontraram prateleiras mais cheias e salas mais amplas e confortáveis para ler. Também se reforçou a secção de periódicos e o espaço internet, atraindo mais utilizadores.

Nos programas de narração oral – para as escolas, as famílias, os seniores – as letras soltaram-se dos livros e ganharam voz e música.


Associada da UNESCO desde 2011, a Biblioteca Municipal de Sines declarou-se uma biblioteca de causas. Atenta ao dever de memória, organizou exposições e destaques bibliográficos.

Para os autores, a Biblioteca teve sempre as portas abertas: apoiou novos lançamentos, evocou a riqueza das suas obras. E nos seus grupos de leitores, a Biblioteca lembrou: o prazer da leitura é o prazer da partilha.

O SEC - Serviço Educativo e Cultural surgiu para mediar a oferta criada pelo Centro de Artes.

Do pré-escolar ao ensino secundário, o SEC tornou-se um espaço complementar da escola, onde se aprendem as linguagens das artes. Um serviço com iniciativas para todas as idades, onde criar significa experimentar e os tempos livres são tempos para libertar a imaginação. Ao longo de 15 anos, centenas de ateliês, visitas guiadas, espetáculos, formações apuraram a sensibilidade, cultivaram a curiosidade e realçaram o valor da inclusão.

Dotado de técnicos qualificados e excelentes condições para a conservação do património documental, o Arquivo Municipal garante um futuro ao passado de Sines.

Aberto a estudantes, investigadores e população em geral, o Arquivo é mais do que um cofre de documentos preciosos: é um centro de irradiação de memória. Em exposições, vídeos, monografias, projetos digitais, é constante a produção de conteúdos com novas descobertas, leituras e testemunhos.

Em 15 anos de atividade, além de promover iniciativas integradas numa visão cultural, o Centro de Artes afirmou-se também como uma extensão da pólis. Recebeu seminários, congressos, feiras, reuniões de órgãos municipais – foi, em suma, um canal para o conhecimento e um fórum de discussão.

Ao serviço da cultura e da comunidade, o futuro do Centro de Artes de Sines continuará a passar pela polivalência e pelo cruzamento de artes e pessoas. Um Centro que, ultrapassadas as condicionantes impostas pela pandemia, voltará a funcionar em pleno como o sistema de circulação de ideias e de bens culturais para que foi criado.