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OUTside(CAS) // 6-12 de julho // José Pedro Croft e Noé Sendas, guiados por Luísa Cunha

06 de Julho de 2020

O Centro de Artes de Sines, através do Serviço Educativo e Cultural, promove o OUTside(CAS), projeto de mediação da exposição “Público/Privado - Doce Calma ou Violência Doméstica?”, patente até 18 de outubro de 2020.

2.ª Semana: 6 a 12 de julho

NÚCLEO DA EXPOSIÇÃO
ALA 1 - Conceitos de ‘não-presença’, ‘isolamento’ ou ‘anonimato’, e ‘impossibilidade de acesso’.

Se por um lado percebemos o limite que é imposto pela arquitetura – como na cadeira colocada contra a parede, por outro somos confrontados com a impossibilidade de acesso a qualquer das cadeiras que encontrámos neste núcleo de obras. Além desta inacessibilidade física, facilmente sentimos o vazio deixado por uma presença-ausente ou uma ausência-relacional, que faz com que o sujeito se torne cada vez mais anónimo no seu isolamento.

Esta semana promovemos um encontro entre obras de José Pedro Croft e Noé Sendas presentes na Ala 1 da exposição, guiado pelo texto sonoro de Luísa Cunha.

ARTISTA DA SEMANA (1): JOSÉ PEDRO CROFT

Nascido no Porto, em 1957, vive e trabalha em Lisboa. Estudou pintura na ESBAL e escultura com João Cutileiro. A sua obra transita sem hierarquias entre escultura, desenho e gravura.

Durante a década de 80 trabalhou muito a escultura em pedra, em baixo-relevo e modelação, sendo muito influenciado por João Cutileiro, com quem colaborou durante os primeiros anos de trabalho.

Seguidamente começou a explorar uma vertente arquitetónica, onde a escala humana impera, modelando arcos e colunas através do amontoar de peças e desperdícios industriais.

Nos anos 90, a sua obra acentua as qualidades intrínsecas da escultura como o peso, a densidade, expressas nas dualidades estabilidade / instabilidade e imobilidade / leveza. Nas esculturas desta fase, evocativas de memórias associadas a funcionalidades anteriores dos objetos que nelas integra (mesas, cadeiras e alguidares), é ainda explorada a relação do volume com o espaço e com a luz.

Posteriormente, a incorporação de espelhos introduz uma nova dimensão pelo jogo de duplicação virtual da forma, à qual muitas vezes é associada a desconstrução formal do objeto.

Em paralelo com a produção escultórica, tem realizado alguns trabalhos pictóricos, associados à gravura, nos quais está presente a mesma preocupação com a definição de formas primordiais.

Realizou diversas exposições individuais e coletivas, desde 1980, e está representado em importantes coleções internacionais (como a presença na Bienal de Arte de Veneza, de 2017).

https://observador.pt/especiais/jose-pedro-croft-de-vidro-e-aco-em-veneza-nao-tenho-uma-carreira-tenho-uma-forma-de-viver/

ARTISTA DA SEMANA (2): NOÉ SENDAS

Nascido em Bruxelas, em 1972. Vive e trabalha em Berlim e Madrid.

Iniciou a apresentação do seu trabalho no final dos anos 90. Sendas recorre a diferentes meios de expressão: vídeo, escultura, colagem, desenho e fotografia. Referências explícitas e implícitas a artistas e criações literárias, cinematográficas ou musicais fazem parte de suas matérias-primas. Preocupações específicas sobre a reflexão e a prática das artes visuais também podem ser adicionadas ao seu repertório. Estes incluem: o corpo, como uma entidade que é simultaneamente teórica e material; os mecanismos de perceção do observador; ou o potencial discursivo dos métodos de exibição. Sendas estudou na Escola do Art Institute de Chicago, EUA; Royal College of Arts, Londres; Ar.Co. e no Atelier Livre, Lisboa. Exibiu obras em: Yerba Buena for the Arts, EUA; Kunsthalle Bonn, Alemanha; Akademie der Kunst, Berlim; Le Plateau, Paris; MEAC / MUSAC / Fundação Botin / Fundação IC e Casa America na Espanha; Em museus e instituições portuguesas como: Fundação Calouste Gulbenkian, Museu Berardo, Museu Bordalo Pinheiro e Museu da Cidade em Lisboa; Culturgest, Porto; CAVE, Coimbra; Museu de Tavira, Algarve.

ARTISTA DA SEMANA (3): LUÍSA CUNHA

Nascida em Lisboa, em 1949, é uma artista com um lugar especial na arte portuguesa. De momento, representa Portugal na Bienal de São Paulo (fev 2020).

Em contraste com o percurso comum à generalidade dos artistas, começou a expor tardiamente. Só em meados dos anos 1993 começou a expor regularmente e as suas obras inserem-se numa linhagem de artistas próximos da chamada arte conceptual, em que os nomes de Bruce Naumen a John Cage são essenciais.

Pensar em Luísa Cunha é inevitável pensar-se no som, nas suas esculturas sonoras e no modo como esta artista usa de um modo muito singular a palavra dita nas obras que cria. As suas palavras interpelam o espectador e o seu corpo e levam-nos a estabelecer uma relação de tensão com o espaço, a arquitetura e a aprofundar os mecanismos da visão e da atenção.

Trabalha, habitualmente, para lugares específicos, e as suas obras, dada a relação de intimidade que estabelecem com os lugares onde são mostradas, estão em permanente estado de mutação. Para a artista trata-se de esculturas sonoras, porque as suas ‘obras sonoras’ nunca são invisíveis: há sempre um cabo, uma coluna, um microfone que dá presença e expressão material aos seus trabalhos.

OBRAS DA SEMANA
Obra 1

José Pedro Croft José Pedro Croft
Sem título, 1995
Madeira e espelho
Cortesia: Coleção MCO

Croft utiliza regularmente objetos que evocam a casa, o habitar — nomeadamente arcas, alguidares, chaminés, mesas. Mais tarde, as suas esculturas começam a integrar peças de mobiliário, assumindo-se como estruturas compósitas nas quais a ligação dos móveis a elementos geométricos (paralelepípedos, esferas) impede a sua funcionalidade e aponta para a memória de um corpo ausente. Neste caso trata-se de uma cadeira simples, dos anos 1950. A cadeira foi serrada e encostada a uma parede, deixou de ser um corpo inteiro. Depois, há um espelho que está na parede e que a reconstitui. Reproduzindo as duas pernas de trás, ficamos com quatro pernas. O espelho multiplica-o e permite a reconstrução visual das partes em falta e permite ao artista explorar novas relações com o espaço.

Obra 2

Nosé Sendas

Noé Sendas
Chairman n.º 8, n.º 22, n.º 26, 2009
Impressão fotográfica em papel semi mate
Cortesia: Galeria Carlos Carvalho

 

Obra 3

Clique para ouvir som (mp3, 600kb)

Texto sonoro de Luísa Cunha
Ali vai o João, 1996
Instalação
Cortesia: Galeria Miguel Nabinho

DESAFIOS DA SEMANA (PARA TODOS)
1.º DESAFIO

Noé Sendas traz-nos a cadeira e a “figura humana” e José Pedro Croft junta-se e acrescenta o espelho. Assim incorporam-se os espectadores nas esculturas e nos registos e multiplicam as perspetivas de que podem ser percecionados.

O desafio da semana passa por selecionar uma cadeira e apresentá-la (a cadeira do escritório, da sala, a cadeira do quarto do bebé, a cadeira da avó, a cadeira da animal de estimação…).

Posteriormente, intervenham na cadeira. Esta intervenção pode passar pela personificação da cadeira (podem juntar objetos ou simular acções do objeto). Fica ao vosso critério.

Agora, juntem um espelho e façam uma fotografia da sua obra.

Para que esta fique mais completa, tentem também efetuar um registo da obra com os restantes elementos a família… Criem assim um verdadeiro retrato de família.

Nós já fizemos as nossas experiências. Esperamos pelas vossas!


Exemplo de resposta ao desafio

  • exemplo1
  • exemplo2
  • exemplo3
2.º DESAFIO

Um aparelho de som
Uma folha de papel
Um lápis…

Convida-se a que escutem o texto sonoro de Luísa Cunha e o "traduzam/transcrevam” para desenho.

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