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Festival Terras Sem Sombra este fim de semana em Sines

15 de Junho de 2018

Sines, terra de Vasco da Gama, é o próximo destino do Terras sem Sombra. O festival desenhou para a sua presença nesta cidade um programa único, que aposta nas interações entre a paisagem urbana, a música do Romantismo e a conservação do meio aquático. Uma oportunidade privilegiada para conhecer a alma da mais atlântica das povoações do Alentejo.

Nascido em Lisboa, em 1968, Artur Pizarro atuou, pela primeira vez, aos três anos de idade e, no ano seguinte, apresentou-se na RTP, num programa do maestro Victorino d’Almeida. Os seus passos iniciais ao piano foram acompanhados pela avó materna, a pianista Berta da Nóbrega. Prosseguiu a formação com Sequeira Costa, aperfeiçoando mais tarde os conhecimentos com Alco Ciccolini, no Conservatório Nacional Superior de Paris, e com Bruno Rigutto.

Este percurso deu-lhe um raro conhecimento das escolas francesa e alemã, aproximando-o, como poucos, da “Idade de Ouro” do pianismo do século XX. Hoje, Pizarro é um mestre incontestável da pianística europeia e realiza, a partir do nosso país, uma carreira ao mais alto nível internacional, que se traduz, também, numa riquíssima discografia. Entre outros galardões, recebeu o Prémio Albéniz, em 2014.

No concerto que vai ter lugar no Centro das Artes de Sines, a 16 de junho, sábado, às 21h30, o grande intérprete português apresenta um repertório de extraordinária beleza, com obras de Bach, Schumann e Liszt. A peça central, Estudos Sinfónicos, de Robert Schumann, uma homenagem a Chopin, coloca em destaque duas personalidades artísticas opostas, uma extrovertida e exuberante, outra calma e medidativa; sugere, assim, dois rumos que marcarão o Romantismo no panorama musical europeu.

O festival alentejano associa-se, deste modo, ao 150.º aniversário de José Viana da Mota (1868-1948), figura fundamental da música em Portugal e um dos grandes pianistas do seu tempo, de que Artur Pizarro é o mais insigne herdeiro artístico. Se a efeméride está a passar quase despercebida no país, o Terras sem Sombra quis evocá-la através de um ato simbólico, mas cheio de significado: Viana da Mota dedicou grande atenção ao Alentejo e a sua memória é cara à região.

Na Rota do Gama: testemunhos do Almirante em Sines

Vasco da Gama viu a luz do dia, em 1469, na torre de menagem do castelo de Sines. Filho de Estêvão da Gama, alcaide-mor da terra, e de Isabel Sodré, fez-se menino e moço nesta localidade e tomou a prima tonsura, na sua igreja matriz, em 1480. Mais tarde, trocou a carreira eclesiástica a que a família o destinara para servir o rei, tornando-se um elemento destacado das ordens de Santiago e Cristo. Foi o militar escolhido por D. Manuel I para comandar a primeira expedição à Índia (1497-1499), aonde voltaria em 1502 e 1524. Faleceu em Cochim, em 1524.

Sines, com as suas tradições marítimas, constitui uma referência na vida do navegante que, recém-chegado do Oriente, em 1500, quis ser seu conde e senhor. Apesar de cumulá-lo com benesses e honrarias, o rei não o permitiu. Esta atividade revisita os principais lugares do roteiro siniense do Gama: a fortaleza medieval e a matriz, os Penedos da Índia, o paço (cuja construção foi embargada por D. Manuel e levou à expulsão do almirante da terra natal), a igreja de Nossa Senhora das Salas (reerguida por ordem de D. Vasco) e outros locais a que tinha apego.

O percurso inicia-se na tarde de 16, às 15h00, e é guiado pelo arquiteto Ricardo Pereira, pelo historiador António Martins Quaresma e pelo historiador de arte José António Falcão, investigadores com profundo conhecimento do património local.

Com engenho e arte: a biodiversidade no porto de Sines

A manhã de domingo, dia 17, é dedicada pelo festival, a partir das 10h00, ao porto de Sines. De construção recente (1978), este é uma das infraestruturas portuárias mais avançadas da Europa e apresenta condições naturais ímpares na costa portuguesa para acolher todo o tipo de navios. Porto de águas profundas e aberto ao mar, o que lhe confere excelentes acessibilidades oceânicas, está dotado de modernos terminais especializados e é a principal porta de abastecimento energético do País.

Dispondo de um ordenamento de referência, o porto de Sines realiza a constante monitorização das águas sob a sua jurisdição, onde existem, inclusive, diversas unidades de piscicultura. A salvaguarda da biodiversidade dentro do perímetro portuário constitui o fio condutor desta visita, que também revela aspetos pouco conhecidos do rico património natural em torno do Cabo de Sines. O percurso é guiado por João Castro, Teresa Cruz, Teresa Silva e Susana Celestino (biólogos) e por Adelaide Bernardino (engenheira do ambiente).

As atividades do Terras sem Sombra são de acesso livre e resultam da parceria da Associação Pedra Angular com a Câmara Municipal de Sines e a Administração dos Portos de Sines e do Algarve.

Texto: Pedra Angular